Agências digitais mineiras já começam a fechar contratos para cuidar de campanha na internet

Nenhum comentário
Matéria publicada no jornal O Tempo de 07 de janeiro de 2010.

Pré-canditatos caem na rede e aquecem mercado da web
Pacotes chegam a R$ 300 mil, e foco serão blogs e sites de relacionamento
Érica Toledo, especial para O TEMPO

Se uma pessoa pode fazer amigos ao redor do mundo e até se tornar uma celebridade na internet sem gastar um tostão sequer, um candidato também poderia se eleger com a ajuda dos contatos da rede. Alguns políticos já entraram de cabeça nas novas ferramentas de informação, com milhares de seguidores no Twitter, a rede de relacionamento que foi fenômeno em 2009. Mas, para não correr riscos, a exploração da web - que tem tudo para ser a vedete da campanha de outubro - ficará longe da gratuidade.

Com o papel de desenvolver as páginas e perfis e monitorar conteúdos, empresas chamadas de agências digitais já oferecem pacotes de serviços variados aos candidatos. Os profissionais desse mercado estimam que uma campanha política na internet não sai por menos de R$ 15 mil neste ano e, dependendo da amplitude, pode chegar a R$ 300 mil.

Além dos sites, mídia já utilizada em pleitos passados, a minirreforma eleitoral (aprovada em setembro) liberou a propaganda também em blogs e redes sociais, como Orkut, Facebook e Twitter. A regra impõe apenas que as declarações postadas nos perfis não sejam anônimas e seja assegurado direito de reposta a quem se sentir ofendido.

As agências já vêm investindo e fechando contratos com coligações que pretendem fisgar eleitores na rede. Saulo Medeiros, sócio da agência 5Clicks, afirma que está negociando campanhas em três Estados. Dois funcionários já foram contratados para reforçar o escritótio em Belo Horizonte, e mais oito devem passar a integrar a equipe até o período das eleições.

A agência foi a responsável pela campanha de reeleição na internet do governador Aécio Neves (PSDB), em 2006, e de Marcio Lacerda (PSB) à Prefeitura de Belo Horizonte, em 2008. Medeiros conta que, dos primeiros contratos até hoje, viu o número de acessos às páginas políticas crescer assustadoramente, mas acredita que o interesse dos internautas não será a maior novidade na campanha deste ano, e, sim, as redes sociais.

"A principal vantagem é a possibilidade de dialogar com o eleitor", diz ele, apostando que o retorno dos usuários pode ajudar a definir diretrizes de campanha.

Utilidade. A Web Consult atua há 15 anos nesse mercado e, pensando em outubro, começou a treinar funcionários ainda em 2009. De acordo com o diretor comercial, Leonardo Bortoletto, as inovações da propaganda virtual vão agregar mais informações para a escolha do eleitor.

"Será mais uma oportunidade, muito positiva, para se conhecer melhor os candidatos, com mais dados, para evitar a eleição de pessoas erradas e contribuir para a corrupção, que acompanhamos diariamente nos noticiários", afirma.

Os mais seguidos
José Serra (PSDB) 154.477
Aloizio Mercadante (PT) 31.140
Cristovam Buarque (PDT) 28.496
Eduardo Paes (PMDB) 14.791
Manuela D’ávila (PCdoB) 9.345

Fonte: Twitter em 08.01.2010



Investimento
Apesar de potencial, políticos questionam poder da internet

Partidos e candidatos preferem não divulgar as cifras reservadas às campanhas virtuais. Eles adiantam apenas que a internet não vai superar o poder de alcance da TV, merecendo menores investimentos. O presidente do PT em Minas, deputado federal Reginaldo Lopes, estima que a despesa com a rede não deve superar 10% do orçamento para publicidade. Segundo ele, “internet é economia”, comparando o custo com seu retorno potencial.

O senador Eduardo Azeredo (PSDB) afirma que a executiva nacional de seu partido contratou uma empresa para ajudar no planejamento da propaganda digital, mas não dá detalhes. O tucano, que foi um dos relatores da minirreforma eleitoral e é usuário da rede Twitter, entende que não se justifica tanta expectativa em torno do uso da internet nas próximas eleições. “Existe um certo exagero”.

A deputada federal Jô Moraes (PCdoB) está no time dos fãs da internet. Ela disse que se surpreendeu durante sua campanha à Prefeitura de Belo Horizonte, em 2008, com a repercussão que ganhou na rede.

“Uma única pessoa foi contratada para divulgar as informações, mas as notícias se espalharam em uma campanha de adesão voluntária dos internautas”. A deputada, que também é adepta do Twitter, pretende, agora, ampliar a sua rede de contatos. (ET)

Etiqueta básica
1. Gerir com proximidade perfis de relacionamento para refutar boatos e informações não oficiais
2. Não enviar mensagens para eleitores que não tenham demonstrado interesse em recebê-las
3. Fazer seleção criteriosa do material para ser postado em portais de vídeo (YouTube)
Fonte: Admir Borges - prof. marketing UNI-BH e pesquisador

Referência
Casa Branca. Barack Obama arrecadou meio bilhão de dólares em doações pela internet em 2008. Ele foi o candidato que mais investiu em propaganda digital em toda a história.

Nenhum comentário :