Resumão do Digitalks BH

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O evento aconteceu dia 11 de maio, terça-feira, no Ouro Minas, em BH.



Atrasado mais uma vez (pra variar) - outra vantagem do metrô é essa. Esqueci de descer na estação Minas Shopping, desci na estação São Gabriel e peguei outro metrô voltando - cheguei a tempo de ver o Ari Meneghini, Diretor Executivo do IAB Brasil, apresentar uma tela do Windows 1.0, falar de IRQ, ICQ, apresentar telas antigas do Yahoo!, UOL, AOL, Folha, Google e contar uma rápida historinha da internet nos anos 90, feita por engenheiros, técnicos, sem pensamento de editoração. "A grande ferramenta interativa da época era o chat. Os sites eram catálogos online", resumiu. "O primeiro e-commerce do Brasil foi do Pão de Açúcar. A lista de pedidos era feita em Excel", revelou.

E fez um paralelo com a atualidade. "Você não digita, você busca. O P2P tem benefícios mútuos, recomendação, simplicidade. Apesar disso tudo, banner e link patrocinado ainda funcionam. O banner necessariamente não precisa ser clicado. Tem que passar a mensagem. Clique é importante pra quem trabalha com varejo", afirmou, lembrando que o novo "queridinho" da web é o FourSquare (que eu, a princípio, abomino!).

Ari apresentou números recentes da web brazuca e uso de celular (algo que outros palestrantes repetiram mas que a gente encontra fácil no site do Ibope). Falou sobre a apropriação das novas tecnologias pelas classes C, D e E, lan houses, celulares, Orkut (o RG Digital da periferia), etc. Ele falou ainda sobre dados de investimento em mídia no Brasil (encontrados aqui), que cerca de 40% de cada campanha de mídia é gasto em produção (planejamento, programação e criação).

A apresentação do Ari está aqui.

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Luiz Augusto Barros, diretor de operações da Media Factory, é um cara peculiar. Na minha opinião fez toda a diferença no evento. É daqueles caras que não tem filtro entre o que pensa e o que fala, e vai falando sem parar...quase um Saramago, sem ponto, vírgula, nada. Foi difícil acompanhar o raciocínio dele algumas vezes. Basicamente ele mostrou como as redes sociais estão presentes nas nossas vidas e como ainda existem agências que vendem a internet de 2000. Fez uma breve história das buscas, quando Yahoo! e Cadê funcionavam como diretórios (sempre desatualizados), o Altavista utilizando robôs que catalogavam automaticamente (um prato de mão cheia para pornografia: você procurava por qualquer coisa e caía em pornografia, invariavelmente), falou de empresas que cobravam pra cadastrar sites em mecanismos de busca e que o Google inovou ao utilizar robôs que indexavam todo o conteúdo das páginas, além de usar backlinks (não importa só o que você diz, mas também o que dizem de você) para definir pagerank de um site.

Falou sobre links patrocinados. "Google não vende anúncio, vende clique. Leiloa palavras entre os anunciantes". Daí a importância da gente "ajudar o Google a saber que temos essa informação otimizando o site (com boa fé), sendo coerente, atualizando...", concluiu. Sobre o backlink: "É preciso ser considerado relevante por outros sites relevantes. Como? Sendo relevante". Luiz criticou os encurtadores de links, que atrapalham o pagerank de uma página no Google. Lembrou o black hat feito pela BMW, que foi punida por um tempo nas buscas.

Redes sociais, o que fazer: interagir com o consumidor, melhorar posicionamento nas buscas, aumentar tráfego para suas propriedades, potencializar viralização de conteúdo, garantir rede de proteção para crises. "Não basta estar em primeiro nas buscas! O segundo e o terceiro colocados podem estar falando mal de você. As redes sociais ajudam a melhorar os pageranks de seus outros perfis e piorar o pagerank de quem te critica", ensinou.

A apresentação do Luiz está aqui.

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Coffee Break e Networking

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Mirko Mayeroff, CEO do Superdownloads, falou basicamente sobre o case do Superdownloads (um dos patrocinadores do evento). São 28 funcionários, 40 mil softwares gratuitos, 12 anos no ar, 400 mil downloads por dia. "E toma de lavada do primeiro colocado", acho que ele se referia ao Baixaki. Mirko revelou que, com a saída do Superdownloads do Uol para o iG, no ano passado, o site perdeu muitas visitas. O jeito foi trabalhar as redes sociais, o que fez dobrar o número de acessos diretos. "Meu principal cliente hoje é o Google", disse, citando as ferramentas Analytics e Insights. "Ao escrever para o algorítmo do Google, você sai do padrão jornalístico. Que termo é melhor? Software atualizado ou atualização de software?", o que me levou a refletir que jornalista hoje não escreve mais para o leitor, e sim para o Google, não olha mais no dicionário, mas no Insights, o que pode levar a um empobrecimento da língua, na minha opinião. "Não dá pra ter (na empresa web) muita gente entendendo de tecnologia e pouca gente entendendo de negócio", sentenciou Mirko, que logo depois mostrou a tela de uma comunidade no Orkut pra exemplificar como o usuário se porta.



Falou do case do Nescau que mudou o gosto e teve que retomar seu sabor original por causa de uma comunidade no Orkut. Em seguida, disse algo que eu não concordo muito, pois prejudica o usuário, mas te permite vender mais publicidade no site: "Antes a gente usava o conteúdo completo em uma única página, o que nos permitia somente um banner. Quando dividimos o conteúdo em três páginas, são três anúncios diferentes". E o usuário vai ser obrigado a dar dois cliques a mais, carregar uma página inteira mais duas vezes, só pra continuar lendo o resto do conteúdo e sendo exposto a mais anúncios. A usabilidade fica de lado em benefício do anunciante. Mas enfim...

Mirko apresentou o case da Blacksocks.com, um site que só vendia assinatura meias pretas (você paga uma mensalidade ou anuidade e tem direito a x pares de meia preta pelo período da assinatura) e teve um investimento inicial de U$ 20 mil. Hoje vale U$ 2 milhões.

A apresentação do Mirko está aqui.

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Painel para perguntas: os palestrantes voltaram para o palco e, felizmente, as perguntas puderam ser feitas presencialmente (quem leu meu resumão do Interminas 2010 sabe do alívio que senti). Os palestrantes debateram questões sobre uso de celebridades em campanhas de redes sociais, posts pagos, troca de links, relevância de links patrocinados, diferenças de postura entre o on e o offline, como convencer clientes a investir mais em web, avaliação de políticos e órgãos públicos nas redes sociais, etc. Pesquei algumas frases:

"Internet também é mídia de branding, não só de responding"
Luiz Mendes Jr. (Diretor de Negócios Convergentes dos Diários Associados)

"Boi que chega primeiro no riacho bebe água limpa"
Ditado popular proferido por Mirko Mayeroff

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Almoço no Minas Shopping com o Venâncio Faria, arquiteto de informação da Bhtec e responsável pelo layout do MWM. Já pegou as manhas de criar formulários no Google Spreadsheets, Venâncio?

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Palestra do Marcelo Prais, diretor de operações e negócios da AlmapBBDO. "No Brasil, todo mundo é técnico de futebol e especialista em redes sociais". Marcelo defendeu que ativar uma rede social é opcional de uma empresa, mas monitorá-las é obrigatório. Citou os livros "Free", do Chis Anderson e o "The Cult of the Amateur", do Andrew Keen. "Precisamos entender e nos adaptar a novas possibilidades de relacionamento em um meio altamente fragmentado e entender que todos iremos acertar e errar igualmente. Estamos cheios de certezas em um ambiente que muda a todo momento", considerou Prais. Ele criticou a comparação que fazemos com outros países, afirmando que são ambientes diferentes e, por isso, incomparáveis. "Na Inglaterra, por exemplo, o investimento em internet já passou o da TV aberta, mas lá a maior TV é estatal e não aceita anúncio. Aqui a Globo está em 98% dos lares".

Prais defende um modelo de agência que saia do "só produção" e parta para o gerenciamento de marcas. "Não se pode ter mais de 50% da receita com um cliente só. As digitais têm focado mais em experiência de uso. Elas devem ser menos gestoras de meio e mais gestoras de marca, ter um olhar macro no gerenciamento do micro", concluiu.

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Como o gerente de planejamento estratégico digital da Ogilvy Interactive não pode comparecer, coube a diretora de atendimento da agência Ana Clara Cenamo substituí-lo com competência. "Apesar do processo de integração das agências digitais, os profissionais ainda não estão completamente integrados. Eles ainda continuam trabalhando segmentadamente", afirmou. #fato

Para exemplificar sua fala, Ana citou a passagem bíblica da Torre de Babel (Gênesis 11:1-9). Segundo Ana, estamos vivendo uma nova Pangea, um mundo globalizado, conectado, sem fronteiras, e citou um video gringo sobre números das redes sociais no mundo (que teve uma versão brasileira feita pela AgênciaClick).

Video internacional


Video nacional


Etapas de trabalho nas redes sociais:

1) Monitoramento
2) Planejamento
3) Engajamento
4) Amplificação
5) Otimização

Cases: Nestlé México, Outback (com cardápios em iPads numa loja de São Paulo), Abecs, Bis (O Criador, com a hashtag no Twitter #desconfiedetodos), Burger King (Whopper Face), Mini Bis (Fazenda Feliz):



A apresentação da Ana está aqui.

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Edna Bossay, gerente comercial do MoIP, em uma palestra típica de patrocinador, vendeu seus números sobre usuários de e-commerce no Brasil (dados de pesquisa da F/Nazca), afirmou que 19,1% dos internautas já combraram online e que 35% dos brasileiros consultam a web antes de ir a uma loja física. "O desafio é fazer esses 35% comprarem online", afirmou. "A venda só é finalizada com a conclusão do pagamento". Eu discordo. Em uma visão mais ampla, a venda só termina quando o produto chega intacto e no prazo acordado no endereço indicado pelo cliente.

A apresentação da Edna está aqui.

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Coffee Break e Networking

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O Marco Bebiano, do Google Brasil, estva hospitalizado e foi substituído pela Nathália Luna. Ela apresentou alguns dados de busca como 85% dos internautas usam buscas e que gastam 5% do tempo de navegação em buscas (ela só não especificou se são usuários brasileiros ou do mundo todo). Ela enfatizou muito o Google Insights For Search. "Busca é uma prateleira digital. A ausência do resultado esperado na busca reduz em 16% a intenção de compra", afirmou. Diferenciou links orgânicos de patrocinados (achei desnecessário, pois é algo que o público presente já sabia), falou que impulsos offline geram buscas online, 67% dos que buscam vêm do offline, 41% dos compradores de carros novos iniciaram a busca pela internet, a web ajuda na descoberta de novas marcas. Ela, claro, defendeu os links patrocinados: "A busca está relacionada com branding e impacta na percepção da marca. Dirija sua audiência para a mensagem de marca que você quer", ressaltou. Além disso, a busca possibilita tomadas de decisão para o seu negócio. Nathália apresentou um case do YouTube. Um canal chamado Search Stories, onde os usuários enviam videos contando sobre buscas que "mudaram suas vidas". Veja aqui um video explicando como funciona.

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No painél, participaram, além dos palestrantes anteriores, o Saulo Medeiros, presidente da Amadi. Pincei algumas frases:

"Fazer SEO não é um bicho de sete cabeças desde que você tenha esforço dedicado"
Marcelo Prais

"Trabalhar com search é difícil. É mais cômodo pra agência comprar espaço em portais"
Luiz Augusto Barros (ele criticou os 20% cobrados pelas agências nos links patrocinados e banners. "Não tem mais 20% no offline", sentenciou. "Na era do search, o conteúdo é rei".

"Leilão é bom pro Guaraná Antarctica, mas ruim pro Guaraná Jesus"
Saulo Medeiros, em uma crítica ao sistema de leilão de palavras imposto pelo Google Adwords

"YouTube é o segundo maior site de busca. É importante descrever bem o vídeo"
Nathália Luna

Algumas perguntas que geraram discussão: Como melhorar relevância do Google Adsense no meu site/blog? Qual o melhor conceito para branding? Como medir ROI de branding online? O que dá mais retorno para o cliente, online ou offline? Para o Saulo, não tem diferença: "Tudo é o mundo real. Quem tem ($), aparece mais".

Case: BestBuy - funcionários são incentivados a twittar sobre a empresa, aumentando sua relevância nas buscas.

Mobile: publicidade x privacidade. Mais de 80% no Brasil é pré-pago. Pacote de dados ainda é muito caro. "Não tem mobile, é tudo internet", disse Luiz.

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Em linhas gerais, o evento foi isso. Público menor que o Interminas, mas mais focado, com grandes profissionais da área. Talvez o preço da inscrição mais salgado e o fato de ser dia de semana tenham reduzido o número de participantes, mas a participação foi boa (inclusive com perguntas in loco, o que me agrada mais do que a ditadura das perguntas via twitter, como foi no Interminas). Agradeço ao Flávio Horta e toda a equipe da Digitalks pela parceria com o blog Mercado Web Minas.

O pessoal do Ceviu compareceu em peso ao evento e também publicou algumas coisas.

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