Eleições 2010 - Está chegando a hora...

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Neste domingo todos nós temos um compromisso com nosso estado e nosso país. Vamos às urnas fazer valer mais que um direito, um dever de cidadão, conquistado às custas  do suor e sangue dos nossos pais, tios, avós, enfim, aqueles que lutaram contra a ditadura militar no Brasil.

Estive na quarta-feira dessa semana no FalaTas, evento promovido pela UNI-BH que discutiu as eleições com as presenças de Marcelo Tas, Rogério Flausino (?), deputado Paulo Delgado (PT), Marcos Coimbra (Instituto Vox Populi) e Alberto Carlos Almeida (Instituto Análise).

Compartilho muitos dos pensamentos do deputado com relação ao desejo de mudança na lei eleitoral. Ele diz defender a não obrigatoriedade do voto, o que na minha opinião contribuiria para:
- Diminuir a compra de votos (ficaria mais caro convencer os eleitores a votar)
- Melhoraria o discurso e a interação dos políticos com os eleitores (o voto seria conquistado pelo convencimento, não mais pela obrigação)
- Tornaria a eleição mais barata para todo o país (Estudo preliminar realizado pela UFRJ revelou que cada eleitor brasileiro custa, em média, para a Justiça Eleitoral R$ 6,77. Como somos 135 milhões de eleitores, o custo total é de quase R$ 914 milhões!). Diminuindo o número de eleitores, gastaria-se menos.
- O voto tenderia a ser mais conciente e menos "votar por votar". Quem sairia de casa sem ser obrigado só pra anular ou votar em branco?

O deputado também diz defender uma mudança em relação ao papel dos partidos políticos no Brasil. Hoje eles têm um custo muito alto para o país para o possível bem que eles fazem. Para que serve um partido hoje em dia, se não para a cada dois anos lançar candidatos com os quais nós não confiamos?

A ideia seria fortalecer os partidos como instituições, para que eles realmente representassem os diversos segmentos da população, e não mais a visão de seus dirigentes. No caso do PT, o Lula, que indicou Dilma e ordenou que o PT mineiro se curvasse diante do PMDB para se beneficiar do apoio deste partido em nível nacional. No caso do PSDB, temos a mesma coisa. FHC "atropelou" a indicação de Mário Covas para disputar as eleições em 94 e novamente atropelou os interesses de grande parte do partido fora de São Paulo ao indicar Serra, e não Aécio, para a presidência. Deu no que deu.

E no que deu?
Deu que o PSDB mineiro não se envolveu na campanha nacional. Pelo contrário: fez chacota de Serra no YouTube. Repare que o discurso de Aécio para senador é que Minas precisa de um senado independente. Ora, mas e se o Serra ganhasse? Seria o mesmo partido do presidente...

Outro exemplo que mostra o não envolvimento do PSDB mineiro na campanha nacional é uma "cola" para votar no dia da eleição indicando os candidatos do partido. Os quadrados para deputados estadual e federal estão vazios (você escolhe votar em quem quiser). Para senadores, Aécio e Itamar (ok). Para governador, Anastasia (ok também). Os dois quadrados para presidente também estão vazios, ou seja, pra presidente você vota em quem quiser, não precisa ser no Serra! Inclusive li a carta que o PSDB estadual enviou para os presidentes municipais do partido em agosto orientando sobre os procedimentos para o dia da eleição: organizar os carros que levarão eleitores para votar em Anastasia, Aécio, Itamar e os candidatos da coligação. Sobre Serra, nada...


Outra ideia de Delgado é que os partidos fossem regionalizados. "Se uma cozinheira tem 27 receitas diferentes, o bolo não sai", defendeu, comparando com a quantidade de partidos - em sua grande maioria nanicos - no Brasil. De fato, os partidos servem hoje apenas para montar coligações para ganharem tempo de TV (pagos com nossos impostos).
As reformas política e eleitoral precisam sair do papel já!



Redes Sociais
A tal "obamização" tão propalada em palestras e comemorada com antecedência por agências de marketing não pegou no Brasil nessas eleições. A TV ditou o jogo por aqui, mais uma vez. Salvo raras excessões, viu-se mais do mesmo na internet, mesmo com tanta novidade em matéria de redes sociais. Teve candidato que entrou nelas só pra melhorar page rank no Google. Foi o que aconteceu com o candidato Herbert de Souza, por exemplo, que tem um homônimo muuuuuuito mais famoso: o sociólogo Betinho. Os perfis em redes sociais ajudaram o candidato na busca do Google, levando esses links para o topo da busca e levando notícias negativas para as outras páginas. Saiba mais neste artigo. Acompanhe a análise que fiz sobre o webmarketing político nas eleições 2010 na edição 17 da Revista PQN.

Analisando as eleições estaduais:
Ou melhor, analisando as candidaturas Anastasia e Hélio Costa, já que os nanicos só serviram, mais uma vez, pra ocupar tempo de rádio e TV. As outras campanhas foram tão fracas, mas tão fracas que não conseguiram nem 1% de votos somadas, impedindo um segundo turno em Minas Gerais. Pra ter segundo turno, só com empate técnico entre os dois primeiros candidatos. Isso enfraqueceu o processo eleitoral em Minas. Faltou uma "Marina Silva" aqui.

Anastasia
Nesse post, o Caio Cesar compara Anastasia a um poste. Eu discordo. O cara simplesmente comanda o governo de Minas desde 2003, mesmo quando era secretário de Planejamento. Só que só o Aécio aparecia por uma questão política (seu projeto pessoal de ser presidente). Fica até difícil dizer quem inventou quem: se o Aécio criou o Anastasia ou se o Anastasia criou o Aécio, com tudo de bom e ruim que essas “personas” representam. Apesar de eu discordar do apoio a Itamar (veremos mais a seguir). Enfim, Anastasia é a Dilma de Aécio, no sentido de que foi o braço direito do governante durante oito anos e representa essa continuidade. Ambos modelos deram tão certo (embora não perfeitos) que com certeza se reelegerão (o tal do Dilmasia). Por tudo que Anastasia representou para o estado nos últimos oito anos, acho que ele merece continuar, apesar de discordar de alguns pontos de sua campanha (crítica a seus marqueteiros, não a ele). Ele esteve nas redes sociais, mas sem nenhuma interação com o eleitor (Serra fez um #perguntaaoserra no twitter. Louvável iniciativa! Pena que os eleitores desperdiçaram uma rara oportunidade com piadinhas). Parte dos recursos de campanha foi gasta em ações duvidosas de marketing político que, na minha opinião, não rendem voto nenhum como centenas de pessoas pagas para ficar agitando bandeiras em praças e a militância jovem do partido, que ao invés de ouvir o eleitorado ou ir para as ruas como se fazia antigamente, preferiu ficar em uma sala sendo filmada tipo "reality show", fazendo videos e musiquinhas. Acho que essas ações foram dinheiro jogado fora, não rendendo um voto sequer a não ser daqueles que foram pagos para tal.

Hélio Costa
A dobradinha PMDB e PT cometeu um erro atrás do outro desde o início. Em troca do apoio nacional ao PT, o PMDB cobrou o governo de Minas, dado de bandeja pelo PT mineiro que tinha dois grandes nomes: Patrus e Pimentel. A richa começou em 2008 na campanha pela PBH. Hélio Costa já havia sido testado em duas eleições majoritárias e perdeu para adversários muito piores que o atual, que conta com um cabo eleitoral de peso (também à exemplo de Dilma). Você pode dizer que Lula tentou quatro vezes até conseguir. Mas repare que ele só venceu quando o cenário lhe foi favorável (o último governo de FHC foi sofrível). Não é o que acontece em Minas atualmente. Colocá-lo na campanha ao lado de Patrus, tentando pegar carona em sua popularidade, soou forçado. Todo mundo sabe que o vice não faz nada além de substituir vez ou outra o governante em viagem ou doença. Enfim, Patrus seria um vice desperdiçado. A aliança forçada PT-PMDB em Minas para beneficiar apenas a aliança nacional, sem respeitar as diferenças regionais, só corrobora com a ideia do deputado Paulo Delgado, de regionalizar os partidos. Além disso, Hélio foi ministro de uma pasta complicada, com menos visibilidade que outras como Fazenda, Casa Civil e Governo. Isso sem falar nas denúncias envolvendo Correios, concessões de rádio e TV, etc. Um dos méritos do Ministério das Comunicações na era Lula foi implantar a TV Digital no Brasil, mas que ainda não vingou e não rende quantidade expressiva de votos. Mesmo Lula, enquanto cabo eleitoral, deixou a campanha em Minas à mingua. Seu objetivo era eleger Dilma e ponto. Hélio também não conseguiu colar sua imagem à de Lula como queria.

Senado
Aécio - Já está eleito. Durante o período eleitoral se preocupou em eleger seu sucessor e só. O problema é que seu discurso de "senador independente" não vingaria em um governo Serra.

Pimentel - Foi um bom prefeito, saneando as contas de BH. Porém, muito provavelmente tem cargo garantido em um provável governo Dilma (ele foi estrategista da campanha dela no início). O problema de sua vitória para o Senado e sua ida para um ministério petista seria a acensão de seu suplente, Virgílio Guimarães, que seria senador sem um voto sequer (mais uma mazela do sistema eleitoral que precisa ser revista). Diz que nessa aliança tem um tal de Zito também - rs.
Itamar - Um verdadeiro oportunista pegando carona na imagem de Aécio. O cara já foi prefeito, deputado, governador, senador, presidente, embaixador... chega né, Itamar! Dá lugar pra outro! Por outro lado, talvez seja o único candidato ao senado, dentre os três primeiros) que realmente seria independente tanto em um governo Serra como em um governo Dilma. (como bem lembrou meu xará nos comentários, o suplente do Itamar é o Zezé Perrella, um dos campeões de faltas na Câmara dos Deputados)

Deputados
Você lembra em quem votou para deputado na última eleição? Não se culpe por não lembrar. A sensação que temos é que pouca diferença faz votar em A ou B. Afinal, quando se misturam, todos os gatos ficam pardos.

Certamente, estamos vendo a cada eleição um pioramento dos candidatos, quando não sempre os mesmos (os piores). Quanto a votar nulo, como muita gente acha o melhor a fazer (inclusive o Caio Cesar no post mencionado acima), penso que é tudo o que os candidatos corruptos querem. O voto de uma pessoa formadora de opinião, que poderia ir para um candidato “ficha limpa”, vai pro nulo, diminuindo as chances dos bons se elegerem, melhorando para os corruptos que “compram” votos. É o caso clássico do Tiririca em São Paulo. O voto que seria de protesto, contra tudo o que está aí, pode eleger também Valdemar da Costa Neto a reboque, mantendo tudo que está aí como está.

Como no sistema legislativo brasileiro hoje pouco importa nas nossas vidas se quem ganhou foi A ou B, minha sugestão é socializar o poder. O que vem a ser isso? Renovação de 100% na ALMG, Câmara e Senado. Já que todos terão péssima relação custo x benefício para o país, custando caro e fazendo pouco, deixemos então que novatos na política ganhem dinheiro às nossas custas por quatro anos. Daqui há 4 anos, elegeríamos novamente novatos, salvo raríssimas exceções. Minha sugestão: Vote em quem nunca se candidatou antes!

Pra quem viveu a época da ditadura é um sacrilégio anular o voto. Pior que não ter em quem votar, é não poder votar! Pense nisso…

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PS.: Recomendo a leitura do mini-blog sobre as eleições 2010 da Raquel Camargo.

5 comentários :

Marcelo disse...

Informação importante que faltou: O suplente do Pimentel foi citado, mas o do Itamar, não.

Zezé Perrela é o suplente de Itamar.

Quem encara?

Thais disse...

Excelente post. Tive um intenso contato com a política recentemente, até então não me envolvia em nada de política, minha conclusão foi: ela é muito pior vista de perto.

Anônimo disse...

Tocante, relista e de suma importância essas palavras, em especial o final "Pra quem viveu a época da ditadura é um sacrilégio anular o voto. Pior que não ter em quem votar, é não poder votar!".
Reclamamos de políticos, mas somos nós que os elegemos. Renovação já!

Sílvia Amâncio

Anônimo disse...

Pois bem, além do vice do Itamar ser o Perrela, tem um boato dizendo que ele assumiria a presidencia do BDMG, mais do que nunca é bom saber quem são os suplentes. Este ano devo votar em branco pela primeira vez, para alguns candidatos. Votar em menos pior e em deseconhecidos para não desperdiçar o voto não me parece opção. Aliás, opção seria mesmo poder não votar, se eu assim quisesse. Também concordo que precisa mudar esse sistema. Em tempo, meus votos em branco devem ser para governador - Pq o PT nunca acerta pra governador? Sempre sonhei com o Patrus disputando governo e ele me aparece como vice do cara que perdeu duas vezes, nunca dá as caras aqui e ainda por cima é do PMDB!. E para um dos senadores, já que tá osso escolher, só dá suplente...fica voto de bandeja, enviesado, não pra meu escolhido, mas de tabela. Ah, faça-me o favor...

Tiago Carvalho disse...

Concordo com seu ponto de vista. A campanha em Minas ficou fraca sem a presença de um terceiro candidato de peso como Pimentel ou Patrus, encabeçando uma chapa. Já sobre o cenário que se desenha, fica cada vez mais forte, se houver a derrota de Serra e PSDB, a tese de que Aécio poderia fundar um novo partido e lançar-se candidado a Presidente. Vamos ver! Gostei muito de ler sobre o cenário político aqui no Blog, e indico também o blog do RudaRicci (http://rudaricci.blogspot.com/).